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OPINIÃO: Templo, lar, oficina, hospital e escola


Ainda hoje, em pleno século XXI, não é raro encontrar pessoas que têm uma visão não só embaçada, mas completamente distorcida a respeito da casa espírita, mais popularmente conhecida como Centro Espírita. Não tenho medo de errar ao afirmar que muitos são os que não vão à casa espírita por medo de verem "baixar" espíritos. Quem pensa assim, não percebe e nem admite que estamos, literalmente, cercados deles, pois que, a essência da vida não termina com o cessamento das batidas do coração. Se assim fosse, não haveria lógica em cada um ter saúde diferente, oportunidades diferentes, dificuldades diferentes, e tempo de vida diferente, entre outras tantas diferenças que fazem com que julguemos, erroneamente, que uns nasceram com sorte, e outros, com azar.

Se somos iguais perante a lei dos homens (pelo menos, deveríamos ser), o que dizer, então, perante a lei de Deus? A lógica pode não existir nas coisas que nós planejamos, que nós fazemos e que nós criamos. Mas tudo aquilo que é planejado, elaborado e disponibilizado pela inteligência suprema, no superlativo absoluto sintético que rege o Universo, tem lógica. E não somente uma lógica simplista, mas uma logicidade absurdamente perfeita e absoluta. Jesus, o espírito mais evoluído, puro e iluminado que pisou neste planeta escola há dois mil anos, não somente falava como mostrava, para aquela época e para a posteridade, a opção de um caminho melhor, a fim de que conquistássemos uma evolução maior, não através do protecionismo das divindades, mas, sim, por esforços próprios e por mérito individual. Jesus, muito mais do que um curador através das atitudes e realizações fantásticas, foi um educador da alma humana na medida em que nos ensinou não somente a leitura da linguagem dos sentimentos, mas a necessidade da nossa transformação moral.

Hoje, mais do que nunca, as pessoas que buscam acolhimento nas casas espíritas, vão procurando suprir necessidades individuais relacionadas às mais variadas causas. São seres em busca de conhecimento, de explicações e respostas para as suas dores físicas, morais e afetivas. Muitas delas são religiosas, no sentido de possuírem uma religião, mas nem sempre possuem uma ligação forte com o Cristo no que se refere à fé e seu sentido universal de fraternidade. São tementes a Deus muito mais por medo do que por respeito ou por uma falta de compreensão do verdadeiro sentido da vida, além de serem, muitas delas, aterrorizadas pelo medo do inferno. Por tudo isso, a casa espírita não tem como função fazer baixar espíritos, como muitos pensam, ainda hoje. Tem, isto sim, o propósito, não só de repercutir as palavras de Jesus através da lógica irrefutável da filosofia espírita, como de esclarecer e educar o homem no seu aspecto moral enquanto espírito imortal em permanente evolução. E, para isso, acolhe-o através do princípio universal do respeito, do amor e da caridade, visando, com isso, fazê- -lo entender, de forma humana e racional, as leis que regem as coisas, o mundo e a vida.

É dessa forma, através do conhecimento desprovido de verdades absolutas impostas de cima para baixo, somada à capacidade que temos de raciocinar logicamente, que conseguiremos nos educar e entender as crises, os conflitos, as angústias e os sofrimentos pessoais que, apesar das aparências nos dizerem o contrário, todos esses ingredientes do contexto humano aparentemente contrários à bondade e à justiça divina, possuem o papel de nos estimular à renovação e às mudanças que precisamos implementar em nós mesmos nesse processo homeopático de aprendizagem e auto melhoramento. Pois esse é o verdadeiro papel da casa espírita, o da transformação moral do indivíduo à luz dos ensinamentos de Jesus. E quem nela já buscou socorro pelos mais variados motivos entende, perfeitamente, as palavras de Emmanuel, o mentor espiritual de Chico Xavier, quando disse, a propósito da sua destinação: "Ela é templo, lar, oficina, hospital e escola".

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